23 de julho de 2011

CONDICIONAMENTOS


Elisabeth Cavalcante
Desde o início de nossas vidas, vamos sendo moldados pelas experiências que vivenciamos. A mente e o corpo físico se tornam repletos de condicionamentos gerados pelos conceitos e valores que nos foram impostos e pelas experiências emocionais que ficaram registradas em nossas células.

Como, então, libertar-se desta prisão, e encontrar a cura para a angústia e o sofrimento que nos afligem? O nosso primeiro passo, geralmente, é buscar ajuda em algum processo terapêutico, onde, através da análise racional dos acontecimentos de nossa vida, procuramos descobrir as raízes dessas dificuldades.

E certamente conseguimos identificar a maioria delas através deste processo. Seguimos, então, outros caminhos, através de terapias corporais, que nos auxiliem na liberação dos nós emocionais registrados em nosso corpo físico.

Este é um trabalho longo, que pode durar anos e, ao final, vamos descobrir que apesar dele, seguimos ainda sem conseguir alcançar o estado de paz e serenidade com que sonhamos.

Ao chegar a este estágio, certamente, muitos de nós já entenderam que é necessário ir além, ultrapassar a dimensão da mente, do corpo e das emoções. E, ao fazer isto, chegamos à descoberta, surpreendente, de que a solução estava ali dentro, oculta sobre as camadas de condicionamentos que carregávamos. Começamos a explorar um novo terreno, até então desconhecido, que é o da consciência.

Quando passamos a observar nossos pensamentos e nossas emoções, percebemos que é possível obter um distanciamos deles, como se não nos pertencessem.

Conseguir realizar esta mudança, do papel de sofredor para o de observador, é que fará toda a diferença. A partir daí, nenhum esforço é necessário, mas apenas relaxar e deixar que nossa essência se expresse, levando-nos para uma dimensão em que o relaxamento e a paz serão nossa única realidade.

...duas diferentes abordagens com relação à realidade interior do homem.

A abordagem Ocidental é de pensar sobre o problema, encontrar as causas do problema, penetrar na história do problema, no passado do problema, para desenraizar o problema desde o princípio, para descondicionar a mente, ou para recondicionar a mente. Para recondicionar o corpo, para retirar todas aquelas impressões que foram deixadas no cérebro. Essa é a abordagem Ocidental...

...O Oriente tem uma perspectiva totalmente diferente. Primeiro, diz que nenhum problema é sério. No momento em que você diz que nenhum problema é sério, o problema está quase noventa e nove por cento morto. Toda a visão disso se altera. A segunda coisa que o Oriente diz é: o problema existe porque você está identificado com ele. Isso não tem nada a ver com o passado, nada a ver com sua história. Você está identificado com ele; essa é a coisa real. E essa é a chave para resolver todos os problemas.

Por exemplo, você é uma pessoa raivosa. Se você for para o psicanalista, ele dirá, Penetre no passado: como surgiu essa raiva? Em quais situações isso ficou cada vez mais condicionado e impresso em sua mente? Teremos que lavar todas essas impressões; teremos que varrê-las. Teremos de limpar completamente seu passado.

Se você for para um místico Oriental, ele irá dizer, Você pensa que você é a raiva, você se sente identificado com a raiva. Eis onde as coisas estão dando erradas. Na próxima vez que a raiva acontecer, seja somente um observador, seja apenas uma testemunha. Não fique identificado com a raiva. Não diga, ‘Estou com raiva’. Não diga, ‘Estou raivoso’. Apenas veja isso acontecendo como se estivesse acontecendo numa tela de TV. Olhe para si mesmo como se você estivesse olhando para outra pessoa.

Você é pura consciência. Quando a nuvem de raiva chega ao seu redor você apenas a observa e permanece alerta para não ficar identificado. A coisa toda é como não ficar identificado com o problema. Uma vez aprendido isso... e desse modo não existe mais a questão de ‘tantos problemas’ porque a chave, a mesma chave abrirá todos as fechaduras. É assim com a raiva, é assim com a avidez, é assim com o sexo: é assim com tudo mais que a mente for capaz de criar...
...Essa é a beleza da conscientização: a consciência pode se livrar de qualquer coisa. Não há nenhuma barreira para isso, nenhum limite para isso...

Toda a metodologia Oriental pode ser reduzida a uma palavra: testemunhar. Toda a metodologia Ocidental pode ser reduzida a uma palavra: analisar. Analisando, você fica circulando. Testemunhando, você simplesmente sai fora do círculo.

A abordagem Oriental é para tornar-se ciente do céu. A abordagem Ocidental lhe torna mais e mais alerta das nuvens, e lhe ajuda um pouco, mas não lhe torna cônscio de seu âmago. A circunferência, sim; você se torna um pouco mais cônscio da circunferência, mas não cônscio do centro. E a circunferência é um ciclone. Você terá que descobrir o centro do ciclone. E isso só acontece através do testemunhar...
...É assim que um Buda funciona... um Buda também usa a memória, mas ele não está identificado com ela. Ele utiliza a memória como um mecanismo.

...E quanto a todas as impressões deixadas no cérebro, na musculatura do corpo?

Elas estarão lá, mas como uma semente: potencialmente presente. Se você se sentir muito só e desejar problemas, você pode tê-los. Se você se sentir muito miserável sem miséria, você pode tê-los. Eles irão sempre permanecer disponíveis, mas não precisa tê-los, não há nenhuma necessidade de tê-los. Isso será sua escolha.
OSHO
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Desperte para a regeneração da alma e do próprio corpo físico, começando por se desintoxicar daquilo que desequilibra a tua saúde física. Depure e purifique teus pensamentos, olhando mais para o Sol da verdade, do que para as nuvens da ignorância. Quem se faz luz não teme a escuridão, nem nevoeiros passageiros. Sabe que tudo que não for essencialmente divino, passa e se transmuta. Sendo assim, transmute-se!