24 de julho de 2011

A NEUROPLASTICIDADE

A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso de alterar algumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações do ambiente, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso frente as alterações.


A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas assume 
também funções extremamente importantes no funcionamento normal do indivíduo.
Graças a esta capacidade é que, crianças que sofreram acidentes, às vezes gravíssimos, com perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e audição, vão se recuperando gradativamente e podem chegar à idade adulta sem seqüelas.

Formas de plasticidade:

n  Regenerativa:consiste no recrescimento dos axônios lesados. É mais comum no sistema nervoso periférico.
n  Axônica:ou plasticidade ontogenética,ocorre de zero a 2 anos de idade,é a fase crítica,fundamental para desenvolvimento do SN.
n  Sináptica:Capacidade de alterar a sinapse entre as células nervosas.
n  Dendrítica:Alterações no número, no comprimento, na disposição espacial e na densidade das espinhas dendríticas,ocorre principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo.
n  Somática:Capacidade de regular a proliferação ou morte de células nervosas. Somente o sistema nervoso embrionário é dotado dessa capacidade.

Plasticidade e Desenvolvimento

          O grau de plasticidade neural varia com a idade do indivíduo. Durante o desenvolvimento o sistema nervoso é mais plástico, principalmente as fases denominadas de períodos críticos que é mais susceptível a transformações.
          Ao nascimento os órgãos do sistema nervoso já estão praticamente formados anatomicamente, embora as sinapses não estejam estabelecidas.      
Daí a importância da maturação nervosa para a aprendizagem: aprender significa ativar sinapses normalmente não utilizada.
Mecanismo de recuperação funcional após lesões cerebrais:
A lesão promove no SNC vários eventos simultâneos:

       Num primeiro momento, as células traumatizadas liberam seus aminoácidos e  neurotransmissores, os quais, em alta concentração, tornam os neurônios mais excitados e mais vulneráveis à lesão. 
Neurônios muito excitados podem liberar o neurotransmissor glutamato, o qual alterará o equilíbrio do íon cálcio e induzira seu influxo para o interior das células nervosas, ativando várias enzimas que são tóxicas e levam os neurônios à morte, o que é chamado de excitotoxicidade. 

Após o evento lesivo, ocorre também a ruptura de vasos sanguíneos e/ou isquemia cerebral, diminuindo os níveis de oxigênio e glicose, que são essenciais para a sobrevivência de todas as células.
A falta de glicose gera insuficiência da célula nervosa em manter seu gradiente transmembrânico, permitindo a entrada de mais cálcio para dentro da célula, ocorrendo um efeito cascata.
 A lesão promove, três situações distintas: uma em que o corpo celular do neurônio foi atingido e ocorre a morte do neurônio, sendo, neste caso, o processo irreversível; o corpo celular esta integro e seu axônio esta lesado ou o neurônio se encontra em um estagio de excitação diminuído.
Mecanismo de recuperação funcional após lesões cerebrais
As variáveis que afetam a recuperação funcional são: localização de lesão; extensão e severidade do comprometimento neuropsicológico, etiologia e curso de progressão do processo patológico, idade de início, tempo transcorrido desde de o início do quadro, variações na organização cerebral das funções, condições ambientais, estilo de vida, fatores agravantes internos ou externos.

Atividades motoras sobre a neuroplasticidade

A reorganização neural é um objetivo preliminar da recuperação neural para facilitar a recuperação da função e pode ser influenciada pela experiência, comportamento, prática de tarefas  em resposta as lesões cerebrais.
 Um consenso na literatura sobre a plasticidade cerebral é que o aprendizado de determinada atividade ou a somente prática da mesma, desde que não seja simples repetição de movimentos, induza mudanças plásticas e dinâmicas no sistema nervoso central (SNC).


O SNC é altamente “plástico” essa característica permanece durante toda a vida,em condições normais ou patológicas .
O córtex motor pode reorganizar-se em resposta ao treinamento de tarefas motoras especializadas depois de uma lesão isquêmica localizada.
Acredita-se que regiões corticais não lesadas assumam a função perdida da área danificada.
   O fisioterapeuta irá atuar treinando as funções motoras para prevenir futuras perdas de tecido de áreas corticais adjacentes à lesada,e direcionar o tecido intacto a assumir a função do tecido danificado.
•         Os exercícios  estimulam a sinaptogênese e promover crescimento de espinhos dendríticos no córtex.
•         O exercício pode então aumentar a neurogênese ,a plasticidade sináptica e o aprendizado.
Quando iniciar a fisioterapia
Nas primeiras horas após lesão tão logo o paciente esteja estável. Deve-se iniciar com exercícios físicos passivo e ativo-assistido e ativo de intensidade leve e moderada afim de reduzir eventos vasculares tromboembólicos, pneumonias, escaras, etc

Repetição da Atividade

O aprendizado motor utiliza memória não- declarativa (adquirida em virtude de treinamento).
   Assim para aprender um ato motor é necessário treinar inúmeras vezes e de diversas maneiras determinada ação para  que esta se fixe. 

Fenômeno do “não-uso aprendido”
  Com a perda da função de uma área do cérebro atingida pelo AVC, o paciente não consegue mover o membro mais afetado, compensa usando o outro.
Após um certo tempo, quando os efeitos da lesão não estão mais presentes e ocorreram readaptações no cérebro, os movimentos poderiam ser recuperados, no entanto, o paciente já “aprendeu” que aquele membro não é mais funcional.
Conclusão
O cérebro humano está constantemente sofrendo alterações e este é um dos motivos que dificulta o entendimento de seus mecanismos, como a regulação da neuroplasticidade após a lesão.
Por isso mais pesquisas, precisam ser realizadas para uma melhor compreensão das mudanças plásticas durante a recuperação das funções nervosas.

Em março de 2000, investigadores da Universidade de Londres descobriram que os taxistas dessa cidade tinham uma parte do cérebro, o Hipocampo - região importante para a memória espacial -, particularmente desenvolvida, muito mais que o resto das pessoas.

“O cérebro muda de forma, segundo as áreas que mais utilizamos, segundo a atividade mental.
Os taxistas desenvolviam mais essa zona porque a exercitavam mais, memorizando a cada dia ruas e caminhos.
Nesses homens e mulheres, sua capacidade para memorizar ruas e caminhos não diminuía,
mas aumentava com o passar dos anos.
Em 2002 cientistas alemães descobriram a mesma coisa na Circunvolução de Heschl dos músicos, área do córtex cerebral importante para processar a música.

Em 2004 os mesmos resultados teve o Instituto de Neurología de Londres, na circunvolução angular esquerda, estrutura cerebral importante para a linguagem, no cérebro das pessoas bilíngües.

DESTAS EXPERIÊNCIAS SE PUDERAM OBTER OS SEGUINTES RESULTADOS:

* Nós seres humanos podemos criar novos neurônios ao longo de toda a vida.

* O esforço para criarmos novos neurônios pode aumentar mediante o esforço mental.

* Os efeitos são específicos: dependendo da natureza da atividade mental, os novos neurônios se multiplicam com especial intensidade em diversas zonas cerebrais.

Os novos neurônios vão ficar nas zonas do cérebro que mais usamos.

Isto se denomina “neuroplasticiadade”: a atividade pode moldar a mente.

Isto demonstra a importância de se manter uma atividade mental intensa.


Imagens:
fisiochiodi.blogspot.com

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