20 de janeiro de 2022

O UNIVERSO PSÍQUICO POR RENÉ DESCARTES

DIÁRIO DA MANHÃ

WEIMAR MUNIZ DE OLIVEIRA

O conhecimento e a experiência, adquiridos ao longos dos séculos, conseguiram, por fim, nos convencer de que o homem é potencialmente maior do que o próprio Universo Físico.

Noutras palavras, o Universo Psíquico, ou extra físico, é maior do que o Universo Físico.

2 – Encontro-me na contingência, para ser melhor compreendido, de recorrer, mais uma vez, ao pensamento de René Descartes (1596 – 1650), físico, matemático, filósofo e astrônomo francês, um dos precursores do Espiritismo – a 3ª Revelação –, quando diz, no “Discurso do Método”:

“O homem é um caniço pensante, mas é tão frágil que apenas um fragmento de rocha pode esmagá-lo. Porém, apesar da sua fragilidade, é ele mais importante do que o Universo. O Universo, apesar da sua magnitude, ignora a sua própria existência. E o homem, não obstante sua pequenez e fragilidade, está consciente de sua existência.”

Daí ter Descartes deduzido dessa peroração filosófica:

“Cogito, ergo sum” (Cogito, logo existo).

Queiramos, ou não, a razão nos leva à conclusão de que não há outra alternativa.

3 – Decorre desse brilhante raciocínio de René Descartes que o que existe de fato, em sentido absoluto, é o espírito,[consciência], ou alma,[mente].

Na opinião dos físicos modernos, o Universo só existe porque nós, seres inteligentes, existimos.

Nós é que damos notícia da existência do Universo. Se nós não existíssemos, o Universo também não existiria. Não existiria, porque não haveria um ser inteligente que desse notícia de sua existência.

Daí, poder-se dizer, por natural ilação, no que toca aos desígnios da lógica: o Universo só fora criado em função dos seres inteligentes, a título de instrumento em sua escalada espiritual, rumo às esferas sublimadas, de tal sorte, que se tivéssemos sido criados imperfeitos, não haveria razão para que o Universo tenha sido criado.

Mas, a Criação preferiu criar-nos perfectíveis, a fim de que fizéssemos jus, lá um dia, depois de milênios de experiência e trabalho, à glória de nossa perfeição.

Não haveria, assim, razão para que fosse criado o Universo, uma vez que tudo que é material está destinado à transformação e até à extinção, sempre sujeito, pois, à mutabilidade da matéria.

O Espírito, ao contrário, está destinado à perfeição, independentemente da matéria.
O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?

A esta pergunta, responderam os Espíritos Superiores:
“São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”

[Porque haverá transformação, todas as células, átomos estão absorvendo nossas energias, e de certa forma evoluirá para um outro nível. É um planejamento universal.]

Aliás, nesse ponto, a Física Quântica vem, ultimamente, dizendo que o que de fato existe, no sentido absoluto, é a Consciência.

Temos dificuldade em aceitar tal assertiva, pelo fato, talvez, de não sermos versados em assunto científico de tal magnitude, preferindo a corrente de cientistas e filósofos que a colocam em dúvida.

Mas, quaisquer que sejam as razões que se possam acrescentar, é de se concluir, racionalmente: o homem é mesmo maior do que o Universo Físico, porque, sendo um Universo Moral, destinado à eternidade, pode conter o Universo Físico em sua mente.

4 – Trata-se, neste caso, de uma dedução filosófica.

Com base em reflexões lógicas, é de se afirmar, pois, que as cogitações filosóficas, sedimentadas na razão, equivalem às operações matemáticas.

As questões da matemática, a partir da aritmética elementar são suscetíveis de chegar a um único resultado, induvidosamente. Assim também são as questões filosóficas, desde que calcadas na razão e na lógica.

Desse modo, embora René Descartes não tenha dito a última palavra no campo da filosofia (em ciência nunca se diz a última palavra), lançou ele as bases de indagações racionais, ao ponto de ser, no aspecto filosófico do Espiritismo, um verdadeiro precursor.

O estudo metódico de “O Livro dos Espíritos” nos conduz à constatação de que nele se encontra inegável influência desse grande vulto francês, do século XVII.

Quem se dá a oportunidade de conhecer essa obra estrutural do Espiritismo, há de convir que o mesmo não é apenas um compêndio de filosofia transcendental, mas também um tratado de lógica, de matemática e de razão.

Quando o li, pela vez primeira, em 1955, em São Paulo, tive a forte convicção de que acabara de conhecer não só uma obra transcendental de ordem filosófica, mas também como que um tratado de matemática, ao descobrir que as inquirições formuladas por Allan Kardec aos Espíritos Superiores só poderiam ter, inegavelmente, aquelas respostas, que atendiam plenamente às exigências da razão, sobretudo, hodiernamente, quando se vive “a era do espírito”.

Na questão 25-a, Allan Kardec questiona os Espíritos da Codificação:

Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam).

Resposta:

“É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.”

5 – Prova dessas asserções é a senda palmilhada, hoje, pela Física Moderna, que não é apenas irmã-gêmea da matemática, mas que pode ser tida também como a mais filosófica das ciências.

É a mais filosófica das ciências, porque é a que mais se aproxima da descoberta da imortalidade da alma, e, consequentemente, com o tempo, da revelação da existência do próprio autor do Universo e de todas as coisas e seres, revelação essa realizada há milênios pelas grandes religiões orientais, com reflexo no Ocidente.

6- E, atualizando o pensamento de Descartes, no campo do pensamento, que tudo concebe, constrói, coordena e comanda, em ponto menor, na mesma plana do pensamento divino, indaga o Codificador ao Espírito da Verdade, na questão 26, da mesma obra:

Poder-se-á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito?

“Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento.”

7 – Assim, pois, podendo o espírito humano, conceber, pela mente, o Universo Físico, contê-lo e abarcá-lo, por maior que ele possa se ostentar e se impor, conclui-se que o ser humano – Universo Psíquico –, é maior, muito maior, indubitavelmente, do que o Universo Físico!...

(Weimar Muniz de Oliveira, magistrado aposentado, presidente da Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (Abrame) e do Lar de Jesus, diretor da Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO) e membro do Conselho Superior da Federação Espírita Brasileira (FEB). Emails: Weimar.adv@cultura.com.br e abrame@abrame.org.br)

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