Enquanto FDA autoriza testes clínicos em células embrionárias, estudo mostrou que células de tecido adulto têm memória. Duas novidades chacoalharam o mundo das células-tronco nas últimas semanas. Na sexta-feira (30/07), a Administração de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) autorizou, pela primeira vez, que células tronco embrionárias fossem injetadas experimentalmente em seres humanos. As células, capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo, são uma esperança de cura para pacientes com doenças atualmente incuráveis.
Mas na semana anterior, o estudo de um outro tipo de células-tronco, as pluripotente induzidas, também avançou – não necessariamente, neste caso, com notícias tão boas.
As células-tronco pluripotentes induzidas, geradas a partir de tecidos adultos, surgiram há cerca de três anos como uma solução para a criação de células-tronco capazes de se diferenciar em qualquer tecido humano que não tivessem questionamentos éticos, como as embrionárias – retiradas de embriões inviáveis, ou seja, que nunca poderiam evoluir e produzir um ser vivo.
Efeito memória
Uma pesquisa publicada pela revista Nature mostrou que a solução pode não ser tão perfeita como parecia a princípio. Cientistas liderados por George Daley, da Universidade de Harvard, descobriram que as células-tronco pluripotentes induzidas preservam a memória de sua vida como célula-adulta – ou seja, elas têm mais facilidade em voltar a se tornar o tecido que eram originalmente.
No artigo Daley e colegas mostraram que uma célula adulta do sangue transformada em célula-tronco pluripotente induzida tem mais facilidade para voltar a se tornar novamente uma célula do sangue do que se fosse óssea. O inverso também acontece: células que originalmente eram de osso que não fazem boas células adultas de sangue – e muito menos de neurônios.
A descoberta pode afetar a pesquisa em duas principais áreas de estudo das células-tronco pluripotentes induzidas: o estudo de doenças em células derivadas delas e de terapias celulares.
O estudo das doenças é afetado pelo fato de que não seria possível estudar a evolução de uma doença neurológica a partir da reprogramação de uma célula de outro tecido, como pele. dela para que se transforme em neurônio (e depois observar como ela evolui).
No caso de terapia celulares, uma situação semelhante ocorreria. Não seria possível teoricamente criar um neurônio e utilizá-lo no paciente com Parkinson partindo de uma célula adulta da pele. “A área precisa que alguém desenvolva um método para apagar a memória para que as células-tronco pluripotentes induzidas feitas a partir de uma célula adulta de pele possa fazer todos tipos de tecidos com igual vigor”, afirmou George Daley ao iG.
O lado bom da pesquisa apresentada por Daley é que “se você tira uma célula da pele de uma pessoa que tem uma doença genética da pele, faz uma célula-tronco pluripotente induzida e a diferencia em pele ela provavelmente será um bom modelo para estudar a expressão gênica daquela pessoa”, explica Mayana Zatz, professor titular da Universidade de São Paulo e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano.
Ao mesmo tempo outro estudo publicado na Nature Biotechnology, realizado por Konrad Hochedlinger e colegas, do Massachusetts General Hospital, de Boston, mostrou um resultado semelhante ao obtido por Daley.”O mecanismo pelo que são eliminadas as diferenças moleculares e funcionais entre as células-tronco pluripotentes induzidas de diferentes origens ainda precisa ser determinado”, afirmam os autores no artigo.
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Há 12 anos
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